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                        Querida tia

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Aos 64 anos uma senhora alegre, carismática e dona de um olhar doce e responsável, possui uma das maiores responsabilidades no Colégio Estadual João Gueno: alimentar os estudantes, professores e funcionários. Queridinha por todos, Marilena Daluz Cordeiro Gaspar, ou como é conhecida, “tia” Marilena, é uma das encarregadas na função da cozinha - tarefa que desempenha com muito amor. Conquista muitos admiradores que apreciam, dia após dia, o belíssimo resultado de seu trabalho. Trabalho esse que, aliás, já executa há 25 anos dentro do colégio.

Quando pequena, morou em um sítio na cidade de São Miguel, ao norte. Ela adorava morar no interior, onde brincava muito e também ajudava nos trabalhos da roça. Sua escola era longe de casa e, por isso, tinha que caminhar bastante para poder estudar. Apesar de tudo, ela gostava muito de ir à escola, pois lá conseguia encontrar suas colegas que moravam longe de sua casa.

Mesmo sendo uma pessoa doce, Marilena tinha problemas para se relacionar com seus colegas. Era muito desconfiada e não se dava bem com algumas pessoas. Considerava os meninos barulhentos, algo que a incomodava. Além disso, eles não concordavam com a possibilidade de meninas poderem estudar e trabalhar e isso a deixava desconfortável e irritada. Gostava mais das meninas, mas não de todas, já que algumas a excluíam de seus grupos apenas por terem melhores condições de vida.

Sua família era bem conservadora. Seu pai e irmãos trabalhavam na roça e não aceitavam que ela continuasse estudando. Queriam que ela ficasse em casa, cuidando dos afazeres domésticos. Sua mãe, ao contrário, apoiava seus estudos e a incentivava a continuar. Na sua juventude pensou em ser astróloga. Sentia-se atraída pela astrologia e se interessava pelo assunto, porém, conforme crescia, esse sonho foi se afastando e se tornando cada vez mais uma fantasia de sua adolescência.

Em 1974 sua família vendeu o sítio, o mesmo no qual ela cresceu e viveu até os 18 anos. Decidiram então se mudar para a área urbana. Na cidade, conheceu uma professora que dava aulas em uma escola particular. Foi lá onde Marilena começou a trabalhar e, logo, começou a gostar da escola e do ambiente - quem sabe não tenha vindo daí seu carinho pelo Gueno. 

Seu trabalho atual, no Colégio Estadual João Gueno, começou antes mesmo de ser contratada: ela já frequentava a escola e ajudava no preparo das refeições. Com o tempo foi admitida. No começo ficou um pouco assustada com a diretora, que era bem exigente, entretanto isso não impediu que tivessem uma boa relação. Hoje a tia Marilena já passou por 4 diretores diferentes e com o tempo seu local de trabalho dentro do colégio foi mudando. Apesar da mudança do ambiente ter tornado o preparo dos alimentos mais fácil, ela sente falta do espaço que tinha, no local onde agora é o laboratório do colégio. “Eu gostaria de um espaço maior, tanto para os alunos quanto para melhorar o meu trabalho. Fora isso, gosto muito de trabalhar na escola e sinto um carinho por todos os alunos e colegas”.

Nesse longo período em que esteve no Gueno, tia Marilena teve momentos bons e ruins. Se entristece ao recordar o falecimento de uma professora, querida por todos. Contudo, ela agradece pela situação da escola ter melhorado. “Houve um momento em que chegaram a roubar a merenda, mesmo assim, nunca faltou comida para os alunos. A diretora da época sempre dava um jeito e comprava o alimento do dia”, relata Marilena. Ela se lembra com carinho do dia em que fizeram cachorro-quente para os alunos noturnos do EJA (Educação para Jovens e Adultos) - ver a felicidade deles ao receber o agrado foi algo que não teve preço e alegrou muito nossa querida Tia.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

No momento Marilena está afastada do colégio, devido à pandemia da COVID-19. Usa seu tempo para ficar em casa com a família: seu marido (com quem é casada há 40 anos), seu casal de filhos e suas 3 netas, por quem tem um imenso amor e carinho. Ela sente falta da escola e não vê a hora de tudo voltar ao normal. Já nós, também lamentamos, já que não podemos mais provar suas deliciosas refeições todos os dias.

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Por: Ana Luiza e Milena Y. dos Santos

Edição: Gustavo Gregorio e Lucas Daniel

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