por Anderson Moreira
Há sete anos nasceu uma criança linda, de olhos azuis, cabelo loiro, bem polaca e gordinha. É o filho caçula e eu sou o irmão dele. O menino era tão lindo, que qualquer pessoa parava minha mãe na rua para elogiar a criança. Com qualquer pessoa quero dizer até aqueles motoqueiros gordos, barbudos e rabugentos.
Quando meu irmão tinha algumas semanas de vida, uma mulher foi arrumar o cabelo com minha mãe, que é cabeleireira. Sempre tem fofoca rolando no salão de beleza. Minha mãe contou para a cliente que tinha tido um filho há poucos dias e a mulher quis ver a criança. Quando viu o bebê, um amor cresceu dentro dela, como se fosse de avó para neto.
Depois desse dia, a moça passou a cuidar da criança no horário de trabalho da minha mãe, o que foi um alívio, porque eu não tinha idade para cuidar de uma criança e olha que sou o irmão mais velho.
Essa mulher cuida do meu irmão até hoje, como se fosse filho dela. No começo, o bebê não gostava de ficar lá, porque não tinha outra criança. Só sei disso porque, dois anos depois, nasceu o neto biológico da moça. Aí a coisa pegou. Ele começou a passar as noites na casa dela e chorava para não vir para a minha.
Para mim foi um alívio, menos gente para chorar no meu ouvido. Eu tinha oito anos e três irmãos: uma criança linda, o irmão pentelho e uma que parece ter TPM desde que nasceu.
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