Uso obrigatório de plataformas na educação básica levanta questionamentos da comunidade escolar
- João Gueno
- 3 de dez. de 2024
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Uma pesquisa que mostra a opinião de auxiliares escolares e de alunos do Colégio Estadual João Gueno em relação às plataformas digitais do Paraná
Por: Ana Júlia Rentz, Gyovanna Camili, Isabelly de Freitas e Victória de França

Aplicativo Leia Paraná. Foto: Nicole Ribeiro
A obrigatoriedade do uso de, pelo menos, sete plataformas digitais para a educação de estudantes em colégios públicos do Paraná, tem gerado discordância entre docentes e o governo estadual. O uso das ferramentas está acompanhado da cobrança de metas que, na opinião dos professores, limita o ensino e faz com que o formato se aproxime de um gerador de números, não necessariamente de aprendizado. Ao mesmo tempo, profissionais reclamam de sobrecarga de trabalho e citam que os aplicativos diminuem a capacidade de correção de exercícios.
Em entrevista para o G1, o secretário de educação do estado, Roni Miranda, alega que os aplicativos podem facilitar o dia a dia dos professores, permitindo que eles tenham mais tempo para se dedicar aos alunos com mais dificuldade. Roni defende, ainda, que as plataformas potencializam o aprendizado. Os aplicativos começaram a ser implantados gradativamente em 2022 pela Secretária de Estado de Educação do Paraná (Seed) e são direcionados para as disciplinas básicas, como português e matemática.
A Seed explica que todos os colégios possuem computadores e internet, por isso, se alunos não tiverem acesso aos aparelhos em casa, podem utilizar na escola. Neste ano, em agosto, um protesto de um dia sem uso das plataformas chegou a ser organizado por docentes, que pediam a diminuição do uso dos aplicativos sob a alegação de uso exagerado no ensino.
As plataformas: para que servem?
Viabilizadas para facilitar a prática pedagógica, as plataformas digitais de aprendizagem incorporam variedade de recursos interativos, como vídeos e quizzis, ampliando as oportunidades educacionais e tornando a jornada de aprendizado mais envolvente, flexível a personalizada
Atualmente a rede estadual de ensino conta com as seguintes plataformas : Leia Paraná; Redação Paraná; Edutech; Desafio Paraná; Matific; Khan Academy; Inglês Aluno e Inglês Professor.
Depoimentos de auxiliares e alunos do Colégio Estadual João Gueno
Em pesquisa realizada no colégio João Gueno, a insatisfação é grande. Entre 88 alunos entrevistados, 96% não acham as plataformas importantes ou se mostram indiferentes, enquanto apenas 2% acham as plataformas importantes. Sobre as plataformas, alguns dos comentários de alunos entrevistados foram “não gosto muito, preferia tudo presencial”, “ não ajuda, mas também não atrapalha” e “não entendo nada”.

Opinião de alunos do Colégio João Gueno sobre a importância das plataformas de ensino.
Gráfico - Victória de França
Essa opinião negativa não se mantém entre os alunos, com os professores do colégio também relatando insatisfação com as plataformas. Juliana Loch, pedagoga do colégio aponta a obrigatoriedade como o grande problema da plataformização. “O problema é a obrigatoriedade e ter que cumprir uma carga horária dentro dessas plataformas, que às vezes tira um tempo dentro de sala de aula dos professores.”
Simone Cardoso, professora de artes, ressalta que a tecnologia pode ter um impacto positivo no ensino, mas que “a forma que essas plataformas estão sendo impostas prejudica o funcionamento do conteúdo, porque a gente é obrigado a se preocupar mais com plataforma do que com o conhecimento".
“Eu não consigo avaliar um estudante pela plataforma, ela não me diz se ele está indo bem ou mal, ele pode tirar um notão no aplicativo porque ele chutou certo e eu não tenho contato físico para saber se foi chute ou se ele realmente aprendeu” relata a professora.
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