por Kevin Braian
Ouvi palmas. Caminhei lentamente até o portão. Quando o abri, encontrei uma mulher de cara fechada. Com uma voz assustadora, dizia trabalhar na prefeitura e que precisava analisar se as condições do meu terreno eram precárias para ter animais. Ela foi olhando atentamente gaiola por gaiola. Viu os coelhos e falou suavemente “parabéns, seus cuidados me surpreenderam, porém você terá que manter o terreno limpo. Se você não cuidar, as condições serão precárias e os animais não poderão mais ficar aqui”.
Desde muito pequeno, tenho e gosto muito dos meus animais de estimação. Comecei com dois passarinhos. Ao passar dos anos o meu carinho aumentou, junto ao cuidado e a quantidade de animais em meu terreno. Fiquei com medo do aviso e ouvi atentamente as instruções “sinto muito, mas na próxima semana farei outra visita”. E aquela mulher de poucas palavras foi embora.
Não tinha muito tempo, por isso no final de semana, com a ajuda do meu avô, limpei o terreno todo, até cortei a grama. Enquanto alimentava os animais, ouvi palmas. Fui em direção ao portão e era ela. Meu coração gelou mais uma vez. Aquele olhar me assustava, cheguei a gaguejar.
Ela olhou todo o terreno de novo. O mesmo processo se repetiu enquanto eu roía as unhas. Por fim, ela anotou algo na agenda e foi embora sem nem se despedir. Em silêncio. Até agora, mantenho meus passarinhos e coelhos no quintal da minha casa, na movimentada Rua das Violetas. Será que ela voltará?
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